Na quinta-feira (8), o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, afirmou que há fortes indícios de que a organização criminosa responsável pela fraude bilionária no INSS utilizou criptomoedas para ocultar o patrimônio desviado.
A revelação foi feita durante entrevista coletiva sobre a operação que investiga irregularidades em concessões de aposentadorias e pensões. Segundo o ministro, relatórios de inteligência identificaram movimentações financeiras com ativos digitais, inclusive fora do país.
“O uso de criptoativos tem dificultado o rastreamento dos recursos desviados”, afirmou Messias.
Cripto como ferramenta — mas a falta é de blockchain pública
O uso de criptomoedas para ocultação de patrimônio não é novidade. Mas o que chama atenção é que, apesar de a blockchain oferecer transparência, rastreabilidade e imutabilidade, o sistema público ainda opera em estruturas fechadas, frágeis e facilmente burláveis.
O resultado? Um golpe de bilhões — e mais dificuldade para rastrear os autores.
Entidades sob suspeita e bilhões bloqueados
A AGU já solicitou o bloqueio de R$ 2,56 bilhões em bens de 12 associações investigadas, consideradas o “núcleo da fraude”.
Além disso, ofícios foram enviados a corretoras de criptoativos no Brasil e no exterior, com o objetivo de rastrear e congelar ativos digitais usados para esconder o dinheiro público desviado.
A blockchain como antídoto à corrupção
O caso levanta uma questão urgente: se os fluxos financeiros do INSS fossem registrados em blockchains públicas, transparentes e auditáveis, seria praticamente impossível realizar esse tipo de fraude sem deixar rastros acessíveis — inclusive pela sociedade civil.
Não se trata de proibir cripto, mas de usar a própria tecnologia da blockchain para proteger os recursos públicos.