O presidente do Banco Nacional Suíço (BNS), Martin Schlegel, afirmou recentemente que o Bitcoin (BTC) não é um ativo confiável para compor as reservas da instituição. Segundo ele, a criptomoeda apresenta alta volatilidade, baixa liquidez e vulnerabilidades técnicas, tornando-a inadequada para o sistema financeiro suíço.
No entanto, especialistas do setor cripto apontam que esses argumentos podem ser questionados, considerando dados históricos sobre liquidez e segurança do Bitcoin. Afinal, o BTC tem crescido como reserva de valor, é altamente líquido e possui um protocolo de segurança inabalável.
Liquidez: Bitcoin é um dos ativos mais negociados do mundo
Um dos argumentos de Schlegel foi que o Bitcoin não teria liquidez suficiente para ser incluído nas reservas do BNS. No entanto, dados de mercado contradizem essa afirmação. O BTC é negociado globalmente 24/7, tem um volume diário bilionário e supera diversos ativos tradicionais, incluindo algumas moedas nacionais e até o próprio ouro em certos momentos. Grandes empresas e instituições utilizam Bitcoin justamente por sua facilidade de conversão para dinheiro fiduciário.
Ouro também é considerado um ativo de reserva, apesar de possuir um processo de liquidação mais burocrático do que o Bitcoin em alguns cenários., já que o processo de compra e venda do metal precioso é muito mais lento e burocrático do que transações com BTC.
Vulnerabilidades técnicas: Bitcoin nunca foi hackeado
Outro ponto levantado por Schlegel foi que o Bitcoin poderia ter riscos técnicos por ser baseado em software. No entanto, o protocolo do Bitcoin nunca sofreu ataques bem-sucedidos em seus mais de 15 anos de existência.
Enquanto instituições financeiras e governos já foram vítimas de ataques cibernéticos e falhas operacionais, o Bitcoin continua operando de forma descentralizada, segura e resiliente. Seu modelo baseado em proof-of-work (PoW) e descentralização garante que nenhuma entidade possa controlá-lo ou derrubá-lo.
Se segurança fosse realmente um problema, sistemas bancários tradicionais deveriam ser reavaliados, pois já sofreram diversas invasões e falhas ao longo dos anos.
Alta volatilidade: Bitcoin se valoriza no longo prazo
É fato que o Bitcoin pode ser volátil no curto prazo, mas se a preocupação do Banco Nacional Suíço é a estabilidade de reservas, o mais lógico seria olhar para tendências de longo prazo. Desde sua criação, o Bitcoin tem consistentemente superado ativos tradicionais em valorização.
Se o BTC tivesse sido adquirido pelo BNS há cinco ou dez anos, ele teria sido um dos melhores investimentos da instituição. Outros ativos, como títulos do governo e o próprio ouro, também enfrentaram quedas bruscas ao longo da história, mas continuam sendo considerados reservas confiáveis.
Além disso, a inflação destrói o poder de compra das moedas fiduciárias ao longo do tempo. O Bitcoin, por ter um fornecimento limitado de apenas 21 milhões de unidades, é um ativo deflacionário e resistente à manipulação governamental.
Resistência ideológica ao Bitcoin?
A decisão do BNS levanta questionamentos sobre os critérios adotados para reservas de ativos e até que ponto fatores técnicos ou estratégicos influenciam essa posição. Muitos bancos centrais resistem à adoção da criptomoeda porque ela desafia o modelo tradicional de política monetária, dando mais autonomia aos indivíduos e reduzindo a necessidade de intermediários financeiros.
Enquanto alguns países já estão explorando a inclusão do BTC em suas reservas, a posição do Banco Nacional Suíço mostra um certo conservadorismo em relação à inovação financeira. Caso a adoção institucional do Bitcoin continue crescendo, a posição de bancos centrais em relação à criptomoeda pode evoluir com o tempo..
O debate sobre Bitcoin como reserva de valor continua, mas os fatos demonstram que suas qualidades como ativo líquido, seguro e valioso no longo prazo são inegáveis. Resta saber quanto tempo os bancos centrais conseguirão resistir a essa realidade.