A fintech brasileira 2Go Bank está no centro de uma grave investigação internacional após ser acusada pelo governo de Israel de financiar grupos terroristas por meio de transações com criptomoedas. A empresa também foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por suspeita de lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC).
US$ 82,1 milhões transferidos para contas suspeitas
Segundo as investigações, a 2Go Bank teria transferido cerca de US$ 82,1 milhões para 15 carteiras de investimentos listadas na “lista negra” do Ministério da Defesa de Israel. Essas contas digitais seriam usadas para movimentações financeiras vinculadas a atos terroristas.
A denúncia surgiu após o Banco Topázio, instituição financeira brasileira, relatar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) transações suspeitas realizadas pela fintech. O Coaf, então, alertou sobre a possível ligação entre a 2Go Bank e organizações terroristas, reforçando as suspeitas levantadas por Israel.
Esquema de lavagem de dinheiro do PCC
As autoridades também descobriram que a 2Go Bank e outra fintech, a Invbank, estruturaram um complexo esquema de lavagem de dinheiro para o PCC. Essa engenharia financeira permitia que membros da facção criminosa realizassem transações de alto valor, como a aquisição de imóveis de luxo.
A investigação foi impulsionada por uma delação de Antonio Vinicius Gritzbach, que foi assassinado em novembro de 2024 no Aeroporto de Guarulhos. Ele havia fornecido informações sobre a atuação das fintechs no esquema criminoso.
Fundador da fintech é preso e contas bloqueadas
Durante a operação da PF, o fundador da 2Go Bank, Cyllas Salerno Elia Júnior, que também é policial civil, foi preso. A Justiça determinou ainda a suspensão das atividades da fintech e da Invbank, além do bloqueio de oito contas bancárias, totalizando cerca de R$ 27,9 milhões.
Regulação e riscos das fintechs no Brasil
O caso levanta um alerta sobre a vulnerabilidade do sistema financeiro diante do avanço das fintechs, que oferecem serviços financeiros com menos burocracia e regulação. A utilização de criptomoedas para operações ilícitas reforça a necessidade de maior fiscalização para evitar a facilitação de crimes como lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.
As investigações seguem em andamento, e autoridades internacionais continuam monitorando a participação de outras empresas financeiras que possam estar envolvidas no esquema.